Fernando de Noronha, sonho de consumo de 10 em cada 10 turistas, quer provar que é um destino acessível a todos. Nós, do Diario, fomos conferir. Mostrando como no cenário atual pessoas com problemas de locomoção podem aproveitar a ilha (e os obstáculos que ainda existem), levamos o cadeirante Luan Pereira para um teste in loco. Foram quatro dias de intensa imersão turística. O resultado pode ser conferido com detalhes aqui. Nos tópicos ao lado, veja a avaliação sobre a infraestrutura acessível de Noronha, trilhas, passeio de barco, mergulhos e banho assistido. Tudo retratado com fotos e depoimentos do cadeirante. Para passar uma ideia ainda mais fiel das experiências vividas por Luan, trazemos um vídeo com os pontos altos da aventura. Será que a acessibilidade da ilha foi aprovada? Acesse e confira.

Quase três milhões de pernambucanos, em um universo de 8,7 milhões, têm problemas de locomoção, segundo o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografica e Estatística), em 2010. São deficientes, obesos e idosos. Esse número significa que para 34,1% dos moradores do estado viajar é uma tarefa complexa e visitar Fernando de Noronha, uma ilha de natureza vulcânica e terreno acidentado, um sonho quase impossível.

Entre os cadeirantes, que são 732 mil em Pernambuco, está Luan Pereira, 21 anos, morador de Brasília Teimosa, bairro popular do Recife. Portador de mielomeningocele, malformação congênita da coluna vertebral que lhe causou paralisia nos membros inferiores, Luan estava incluído no grupo dos que consideram uma visita a Noronha um desejo inatingível. Até a última semana.

Isto mudou entre os dias 6 e 9 de maio, quando ele foi levado pelo Diario para participar de uma imersão turística em Fernando de Noronha e testar os investimentos da ilha em acessibilidade. A viagem resultou em um raio-x dos projetos, passeios e equipamentos acessíveis da ilha. E transformou sonhos antigos em realidade. "Eu tinha dois sonhos que me comoviam e, ao mesmo tempo, pareciam os mais distantes para serem atingidos. Um é entrar nas forças armadas, que continua sendo um objetivo para mim, mesmo que seja na banda. E o outro, visitar Fernando de Noronha. Esse era distante porque não dependia só de mim. Eu realmente imaginava que a ilha não tinha estrutura para receber um cadeirante. Vi que as coisas estão mudando. Que o turismo acessível é possível."

O inicio da realização desse sonho começou em janeiro de 2013, quando o projeto Praia Sem Barreiras foi implementado na ilha. A praia do Sueste foi o primeiro destino do estado a receber os banhos assistidos, onde uma esteira de acesso ao mar de 30 metros e quatro cadeiras de rodas anfíbias foram disponibilizadas na praia. Para facilitar o banho, os cadeirantes contam com oito profissionais que acompanham os turistas dentro do mar e realizam ainda mergulho com snorkel pelos corais da praia. Dá para ver até tubarões no local (confira no vídeo a experiência de Luan com tubarões).

Esse investimento incentivou projetos da iniciativa privada e fez surgir uma corrente pela acessibilidade em Noronha incluindo trilhas acessíveis, como as do Golfinho e do Mirante Dois Irmãos, possibilitando pela primeira vez a portadores de deficiência e idosos a bela vista da Praia do Sancho, que foi considerada a mais bonita do mundo. Assim como passeios, como o mergulho com cilindro e planasub, que também foram adaptados para receber cadeirantes.

As mudanças já atingiram cerca 10% das pousadas e restaurantes do arquipélago, que hoje oferecem quartos e instalações adaptados. Como resultado, mais de 80 cadeirantes visitaram a ilha no último ano, número quase 20 vezes maior do que as visitas de 2012 que foi de apenas cinco cadeirantes.

Para mostrar o que mudou e como no cenário atual um cadeirante pode aproveitar a ilha (ou não), o Diario, com o apoio da Secretaria de Turismo do Estado, participou de uma imersão turística de quatro dias com Luan, que foi indicado pela AACD, Eliane Pereira, sua mãe e cuidadora, a repórter Thatiana Pimentel e o fotógrafo Paulo Paiva. O resultado está dividido entre avaliações sobre a infraestrutura da ilha, trilhas, passeio de barco, mergulhos - com as experiências do cadeirante no planasub e no mergulho de cilindro -, e o banho assistido.

 

 

Programação acessível (quatro dias)

06 DE MAIO:
1 – Aeroporto – Experiência de voo Gol
2 – Aeroporto de Noronha
3 – Transfer
4 – Pousada Beco de Noronha
5 – Jantar – Restaurante Triboju

07 DE MAIO:
1 – Trilha Sancho/Porcos – Econoronha/Parque Nacional Chico Mendes
2 – Almoço no Triboju
3 – Mergulho a reboque operadora Atalaia
5 – Tour do Porto Santo Antônio ao Sueste em ônibus urbano frota de Fernando
de Noronha Acessível
4 – Jantar – Zé Maria Festival

08 DE MAIO:
1 – Praia do Sueste – Projeto Praia Sem Barreiras
2 – Ação com Projeto Tamar na Praia Sueste – Tartarugas
3 – Almoço no restaurante Mergulhão
4 – Mergulho operadora Atlantis
5 – Jantar no Varanda

09 DE MAIO
1 – Vista Buraco de Raquel
2 – Museu dos Tubarões
3 – Passeio NAVI
4 – Almoço no Restaurante Dolphin Hotel
3 – Retorno ao continente


Infraestrutura

O primeiro teste da acessibilidade de Noronha é o voo. Esse, na verdade, é crucial para os cadeirantes. que geralmente entram no avião carregados, já que as aeronaves não têm espaço para a cadeira de rodas circular. Aí você imagina entrar em um avião com todo mundo olhando e nos braços de outra pessoa? Nada agradável. Dessa vez, porém, nota 10 logo de cara. Isto porque a Gol Linhas Aéreas implantou em seus voos diários para a ilha a cadeira Stair Track. O equipamento é mais estreito do que uma cadeira de rodas comum e usa uma esteira para a subida em escadas, caso o finger (ponte que ajuda no embarque) não esteja disponível no aeroporto.

"Eu realmente adorei essa cadeira. Evita uma grande humilhação e constrangimento. Deveria ser usada em todas as companhias aéreas", afirmou Luan Pereira, nosso viajante. A recepção no Aeroporto de Fernando de Noronha também agradou, principalmente por causa do respeito às filas preferenciais e das rampas na saída para o estacionamento. Quem fizer a viagem com pouca grana, pode pegar um ônibus no local. Todos os coletivos que circulam em Noronha têm elevador para entrada de cadeirantes. "Os elevadores do ônibus de Noronha são bem melhores do que os que existem no Recife. E aparentemente mais resistentes. Outra nota 10. Já as paradas de ônibus recebem nota 0 porque não têm rampas e o cadeirante fica sem independência", completa Luan. Para quem quer mais conforto, alugar um carro na ilha é fácil e do aeroporto mesmo você pode resolver.

No quesito hospedagem, Noronha tem uma boa diversidade. Oito das 110 pousadas da Ilha são acessíveis, com áreas comuns, quartos e banheiros adaptados (veja a lista no final dessa matéria). Aqui, a pousada escolhida foi a Beco de Noronha, que tem classificação três golfinhos, pontuação máxima de hospedagem no arquipélago. Na pousada, a nota dada pelo Luan foi 10 em todos os pontos, menos no banheiro, que levou um 8.

Manuela Fay, gestora de ecoturismo de Noronha, afirma que para conquistar os três golfinhos a administração da ilha exige que a pousada tenha pelo menos um quarto completamente adaptado. "Acredito que o crescimento do turismo acessível depende de uma cadeia que parte de incentivos públicos, passa pela vontade da iniciativa privada e termina na demanda, que é o turista cadeirante. Quando esses três pontos estão caminhando na mesma direção, como estamos vendo acontecer em Noronha, o segmento cresce. Uma prova é que até o início de 2013 nós recebíamos cerca de cinco cadeirantes por ano. A partir de janeiro, quando implantamos o banho assistido, esse número pulou para 80 em 14 meses."

Silvana Rondelle, proprietária da Beco de Noronha, explica que a adaptação da pousada iniciou com o objetivo de atrair turistas idosos. "Começamos com um quarto e fomos aumentando. Quando o projeto Noronha Sem Barreiras foi iniciado, com os banhos assistidos, recebemos aqui Mosana Cavalcanti, coordenadora do Programa de Turismo Acessível – Pernambuco sem Fronteiras, que nos deu outras ideias, que fomos implementando. Hoje, 50% dos nossos quartos são adaptados e isso representou um aumento também de 50% no número de idosos que recebemos e de quase 100% na quantidade de cadeirantes, que era praticamente inexistente", explica. Segundo ela, o custo de adaptar um quarto não é alto. "Você gasta cerca de R$ 3 mil", completa.

Outra oferta diversificada para os cadeirantes que visitam a ilha são os restaurantes. Existem oito locais acessíveis na Ilha. Os testados pelo Luan foram o Triboju, o Mergulhão, o Varanda e o Dolphin. De forma geral, a nota foi 8 para todos, com ressalvas. "No Triboju, a acessibilidade é boa, exceto pela entrada do restaurante, que tem um solo feito de cascas de coco. Fica muito complicado chegar até a rampa de acesso. Já no Mergulhão, falta uma rampa na entrada e espaço no banheiro. O Varanda e o Dolphin são interessantes, mas internamente o espaço não é suficiente. É preciso afastar móveis para passar e isso me deixa constrangido. No Zé Maria foi mais confortável", completa.

Tuca Noronha, supervisor do restaurante Zé Maria, adianta que algumas mudanças estão sendo pensadas. "Para mim, o turismo acessível não é um segmento. É uma obrigação. Acessibilidade é bom para todo mundo. Toda mudança que você faz para tornar um local acessível é para beneficiar a todos. Você colocar uma rampa e vai todo mundo preferir passar pela rampa; coloca um corrimão e todo mundo quer segurar. Ao invés de pensar no gasto de fazer um projeto acessível eu penso que essa é a opção mais interessante sempre, porque você vai oferecer o melhor para todo mundo. Não existe outra opção e por isso estamos pensando em modificações para tornar o restaurante 100% acessível em todos os aspectos", detalha.

Para Pedro Maia, gerente do Mergulhão, a adaptação de alguns estabelecimentos da ilha esbarra na burocracia. "Para que eu adapte o banheiro, preciso de uma liberação para aumentar a área construída. Já pedi, mas até agora não rolou. Sei que as regras existem para a preservação da ilha, mas na questão da acessibilidade, o governo tem que ser mais flexível se quiser incentivar. Já Soraia Ulisses, proprietária do restaurante Varanda, apesar de ter o mesmo problema com a reforma do banheiro, promete mudanças. "Queremos oferecer um banheiro acessível ao nosso público e vamos nos adequar, mesmo perdendo área interna."

De forma geral, a infraestrutura do arquipélago ganhou nota 8, sendo os pontos mais altos a cadeira Stair Ttrack da Gol, o número de pousadas e restaurantes acessíveis e os ônibus da ilha. Os pontos mais baixos, classificados pelo Luan, foram os banheiros dos restaurantes, o acesso de alguns locais e as calçadas e paradas da ilha. A trilha é gratuita.

 

 

 

Trilhas

 

Uma grande 'inimiga' dos cadeirantes é a tal da trilha. Quando pensamos nela, vem logo na cabeça terra, pedra e mato. Na ilha, contudo, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, que é administrado pelo Instituto Chico Mendes e explorado comercialmente pela Econoronha, é diferente. A concessionária está investindo em trilhas acessíveis (rampas de madeira) para os principais pontos de visitação do Parque e já entregou as do Golfinho e o Mirante Dois Irmãos, num total de 2,3 quilômetros. Luan Pereira, nosso cadeirante viajante, foi conferir de perto os acessos e aprovou.

"Dou nota 8. A visita é realmente impensável para a maioria dos cadeirantes. Quando você ouve uma pessoa com problema de locomoção dizer: eu vou fazer uma trilha? Para mim, até hoje, isso era algo irreal", afirma. Com o acompanhamento de um dos guias do parque, que foi capacitado para o serviço, Luan fez todo o percurso sem maiores problemas. A vista do Mirante dos Golfinhos, inclusive, o deixou surpreso. "Acho que nunca estive em um lugar natural tão alto. Faltaram os golfinhos, mas a vista é incrível". No mirante Dois Irmãos, contudo, o acesso até a vista foi mais complicado. Quando termina a pista acessível, é bem difícil chegar perto para a vista do mirante. Fiquei com medo de cair, mas é um prazer ver e registrar em fotos o cartão postal da ilha. É um passeio indispensável", ressalta.

Rossana Santana, coordenadora de visitação do parque, explica as deficiências. "A natureza está aqui para todos. Nosso objetivo é tornar possível, não só para os cadeirantes, mas também para idosos e outras pessoas com problemas de mobilidade a visita aos principais pontos turísticos. Apesar das trilhas, sabemos que o terreno é muito acidentado e ter esse feedback vai nos ajudar a completar as modificações necessárias. Por causa disso, é importante ter guias capacitados. Quando a infraestrutura falha, as pessoas podem auxiliar. A ideia é que nenhum cadeirante que nos visite fique sem ver as principais paisagens da ilha e antes isso não era nem de longe possível."

Outro passeio para observação que a ilha propicia é o Navi. O barco tem uma placa transparente no chão que é equivalente a uma lente de óculos de grau 500 e permite a observação subaquática. Bom para quem tem medo de mergulhar ou quer ver o máximo de espécies aquáticas na ilha. Durante o passeio, de 1h30, um guia dá detalhes sobre os peixes observados e há 70% de possibilidades de aparecerem tubarões e tartarugas durante o passeio.

Na experiência de Luan, contudo, o elemento surpresa foram os golfinhos, um desejo antigo do turista. "Amei o barco, que é diferente, mas não consegui ficar perto da lente por causa da cadeira, que não chegava ao andar inferior. Só por causa disso, minha nota é 9. E quando os golfinhos apareceram me arrepiei. Foi um dos momentos mais lindos da minha vida. Ver como eles nadam e se comunicam é uma experiência única. Vale a pena!". O valor do passeio é de R$ 195 por pessoa.

 

 

Mergulhos

Se movimentar sem precisar lutar contra a gravidade. Dificilmente algo seria mais sedutor para alguém que passou a vida brigando para se locomover. Com Luan, não é diferente. E por causa disso, os passeios que envolveram mergulho foram os que mais o emocionaram. O primeiro foi o mergulho de reboque feito através da Atalaia Receptivo, que tem profissionais capacitados para atender cadeirantes.

Pelo custo de R$ 100, é possível voar uma hora nas praias da Biboca e do Porto. Dá para ver, inclusive, o naufrágio do navio grego Eleani Stathatos. "O mergulho é nota 10. A sensação de liberdade e pureza é inexplicável. No começo, dá um pouco de medo porque foi minha primeira vez em alto mar. Só que a ilha é tão bonita e o mar tão limpo que relaxei rápido e pude apreciar toda a beleza do fundo e de fora. Saí da água outra pessoa", afirma.

Já o acesso até o barco levou a nota mais baixa de toda a experiência. "É complicado chegar até o local de onde saem os passeios e do dique até o barco dá muito medo, porque a rampa é inclinada demais e escorregadia. Achei que iria cair no mar. Precisei de ajuda e fiquei com vergonha. Não passou, nota 5."

Se voar rente à superfície já foi emocionante para Luan, o nosso turista cadeirante não conteve as lágrimas depois do mergulho de cilindro. Imagina ficar embaixo da água e se movimentar quase com a força do pensamento? Parece incrível e assim que ele resumiu a experiência: Foi o passeio que tive mais medo de fazer e uma prova de que o medo acaba te sabotando. Se eu não tivesse descido, nunca iria viver a melhor experiência da minha vida. Meu coração nunca bateu tão forte. A emoção que senti quando comecei a ver os corais e os diversos peixes é única.

Nosso turista também comparou o mergulho, feito pela operadora Atlantis, a um voo livre. "Embaixo da água a gente voa. Pude ficar como eu quis, de lado, de cabeça para baixo, de costas. Nunca consegui isso aqui em cima, então foi o céu. Vou recomendar para todos meus amigos cadeirantes porque é como pelo menos um dia na vida, não precisar se preocupar com nossas pernas", completa. A mãe de Luan, Elaine Pereira, ficou ainda mais admirada com o que viu. "Eu assistia matérias mostrando o fundo do mar e achava que era mentira. Não acreditava que era tudo tão calmo e colorido. Hoje, tive a prova de que Deus existe. E nada me deixaria mais feliz do que saber que Luan também viveu essa experiência."

Leonardo Lopes, instrutor de mergulho da Atlantis que acompanhou Luan, acredita que o mergulho de cilindro por si só já vende a imagem de Noronha acessível para qualquer pessoa com problema de locomoção. "Estamos tendo cada vez mais cadeirantes nos mergulhos, só falta mais divulgação. Porque é o passeio ideal para quem não consegue andar. Aqui, essa problema vai desaparecer", ressalta. É bom, todavia, o cadeirante preparar o bolso porque o passeio de batismo sai por R$ 330.

 

 

Banho assistido

O que iniciou o desenvolvimento do turismo acessível em Noronha foi o projeto Praia Sem Barreiras, cujo carro chefe é o chamado banho assistido. O arquipélago foi o primeiro ponto do estado a receber o programa, na Praia do Sueste, em janeiro de 2013. Para participar, o turista precisa simplesmente agendar. Tudo é gratuito. No dia do mergulho, uma esteira de acesso ao mar é colocada ao final da rampa que chega até a praia. É nessa pista que a cadeira anfíbio vai passar com o cadeirante e levá-lo até dentro da água.

A facilidade com que a cadeira transporta o turista com problemas de locomoção impressiona. E deixa os cadeirantes felizes. "Toda vez que tinha que tomar um banho de mar ficava com vergonha porque era preciso ter gente me carregando. A cadeira anfíbio é uma ferramenta que evita isso. Nota 10; E 10 também para os guias, que são muito capacitados." Nesse banho, que é complementado por um mergulho de snorkel, Luan viu, pela primeira vez, arraias, tartarugas e tubarões. "Foi a coisa mais espetacular ver um tubarão de perto. Fiquei nervoso, mas o guia me acalmou. Não parece, mas essa é uma das melhores experiências da ilha. Inesquecível, coisa de cinema. "

E provando que o publico do passeio não é só composto de cadeirantes, o casal curitibano Giuliana Boccuccia, 67 anos, e Vincenzo Boccuccia, 76 anos se impressionou com o projeto quando viu o mergulho de Luan. "Meu marido ficou com medo de vir para a ilha porque ele tem cinco pinos na perna direita e nem todo passeio pode aproveitar, mas quando chegamos começamos a perceber que as pessoas daqui pensam também nos idosos. Esse banho assistido é um passeio ideal. Nos deixa com mais vontade de aproveitar ", comenta Guiliana que tratou logo de marcar sua própria experiência no Sueste.

E mais emoções aguardavam Luan. Isto porque, a praia do Sueste também é um ponto importante de acompanhamento das tartarugas da ilha (espécies Verde e Pente) do projeto Tamar. O Tamar iniciou suas atividades de pesquisa e conservação no arquipélago em 1984 e inaugurou um centro de visitação em 1996. Desde a sua criação, busca adquirir o maior conhecimento possível sobre a biologia das tartarugas marinhas no Brasil, priorizando pesquisas aplicadas que resolvam aspectos práticos para a conservação desses animais. E é isso que ocorre em Noronha.

Durante o tempo que nosso turista ficou em Sueste, duas tartarugas foram recolhidas por biólogos especializados do projeto, que espontaneamente escolheram o cadeirante como o único turista na praia que pode se aproximar do animal. "Meu coração quase sai pela boca. Depois de ver um tubarão ainda ter a emoção de ser o único turista a tocar em uma tartaruga. Me senti especial. A tartaruga era muito pesada por sinal, mas eu nem quis saber. Eu queria mesmo era fazer um carinho, porque ela era linda. E me senti muito feliz quando colocaram ela de novo no mar. O passeio todo foi nota 10", afirma.

Luciana Carvalho, secretária Executiva de Turismo de Pernambuco, reforça que foram justamente esses aspectos emocionantes de Noronha que levaram o governo do estado a iniciar os banhos assistidos na ilha. "No arquipélago a acessibilidade já é prioridade. Estamos oferecendo uma das melhores experiências na ilha totalmente adaptada para os cadeirantes, porque o governo tem que dar o exemplo para depois cobrar. Estamos fazendo nossa parte capacitando, criando uma infraestrutura."

Segundo ela, este será um ano bom para os turistas que quiserem conhecer o estado, uma vez que R$ 7,3 milhões serão investidos em acessibilidade até agosto. "Iremos trabalhar nas principais rotas turísticas do Recife, Olinda e São Lourenço da Mata, onde será a Copa. Nosso objetivo é atrair e consolidar o estado como ponto atrator do turismo acessível até o final deste ano."

· Atenção: Para executar os passeios na ilha será necessário pagar uma taxa de acordo com a portaria do ICMBio 135/2010 no valor de R$ 75 para brasileiros e R$ 150 para estrangeiros (valor único para acesso durante 10 dias corridos ao parque marinho). Essa taxa foi criada, em 2012, com intuito de melhorar a acessibilidade à infraestrutura local e permitir a manutenção nas trilhas e mirantes.

 

 

Making of

 

 

Paulo Paiva - fotógrafo / Manuela Fay - gestora de ecoturismo de Noronha / Eliane Peireira - Mãe e cuidadora de Luan / Josemar Ferreira - Turismólogo / Ana Luíza Acyoli - Assessora de Imprensa da Setur / Thatiana Pimentel - Repórter / Luan Pereira - Convidado especial

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Agradecimentos

Um dos pontos fortes de Noronha são as pessoas. Se a nota geral da ilha é 8,5 para a acessibilidade, as pessoas transformam essa classificação em nota 10.

Sobram sorrisos e gentilezas nos Noronhenses e esse é um dos agradecimentos da equipe desse projeto. Outro abraço que queremos transmitir é para a gestora de ecoturismo da ilha, Manuela Fay. Obrigada pela organização, acompanhamento e acolhida na ilha. Ana Luíza Accioly, da equipe de comunicação da secretaria de Turismo de Pernambuco, foi outra ajuda imprescindível para nossa experiência.

Agradecemos também ao Josemar Ferreira, turismólogo que nos acompanhou em toda a ilha com um sorriso no rosto.

 

Expediente:
Thatiana Pimentel - repórter;
Paulo Paiva - fotógrafo;
Cláudia Santos - edição;
Jota Bosco - Design.