O vazio
Leitos vazios, atendimento ambulatorial precário
Nos lugares visitados pela reportagem do Diario, um cenário assustador de abandono toma conta da maior parte dos hospitais municipais. Enfermarias inteiras repousam num breu absoluto. Os leitos que poderiam estar ocupados estão todos vazios. Quase todos desforrados à espera de um ou outro paciente que precise apenas ficar em observação ou tenha ido à unidade de saúde para tomar um tubo de soro. A aposentada Maria Antônia da Silva, 82, deu vida, por algumas horas, à enfermaria feminina da Casa de Saúde João Paulo II, na cidade de Manarí, no Sertão. "Eu vivo doente. Moro com o meu filho mais velho e vim aqui para tomar a medicação e depois vou voltar para casa", comentou a idosa, que repousava descoberta e constantemente incomodada por algumas moscas. Após a intervenção da reportagem, dona Antônia ganhou um cobertor.
Além de dona Antônia, o agricultor Paulo Gomes de Lima, 63, ocupava, temporariamente, um leito na enfermaria masculina, em Manarí. A emergência pediátrica estava vazia. Situação semelhante foi verificada na Casa de Saúde Senador Antônio Farias, no município de Buíque. Em um passeio nos corredores da unidade de saúde, nenhum paciente foi encontrado internado. "Já realizamos algumas reformas no hospital e ainda estamos fazendo outras melhorias. Aqui, temos médicos todos os dias da semana e cada profissional chega a realizar aproximadamente 80 atendimentos por plantão", calcula a diretora Maria Nazilda Tavares de Castro.
Corredores vazios e ausência de médicos e pacientes também foram encontrados no Hospital Municipal Doutor João Secundino de Souza, no município de Águas Belas, no Agreste. "Aqui na unidade temos 20 leitos destinados à clínica médica, pediatria e obstetrícia. Nas segundas-feiras, quando acontece a feira da cidade, o hospital fica lotado. Nesses dias, fomos obrigados a contratar dois médicos para dar conta de todos os pacientes", explica o diretor do hospital, Antônio Rocha.