A história contada
pelas primeiras-damas



Anna Ferreira Maciel

Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Para Anna Maciel, o ex-senador e ex-governador de Pernambuco
nunca teve posicionamento ortodoxo e radical sobre ser de direita



A ex-primeira-dama de Pernambuco Anna Ferreira Maciel bem que poderia ser candidata. Simpática, é boa de discurso e compreende bem movimentos políticos. Não poderia ser diferente. Mulher do ex-governador e ex-vice-presidente da República Marco Maciel (DEM), a amazonense de coração recifense viveu de perto momentos decisivos da história da política recente do estado. Campanhas, inauguração de adutoras, derrotas e vitórias fazem parte de seu repertório. Apesar de tudo isso, um simples detalhe implantado na sua trajetória ainda lhe incomoda. Nestes mais de 40 anos de vida pública, ela e seu marido são comumente associados à direita, principalmente por ele ter militado na extinta Aliança Nacional Renovadora (Arena), partido que dava sustentação ao regime militar (1964-1985).

 

Anna Maciel, formada em ciências sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde conheceu seu marido, destaca que uma das provas do seu "desprendimento ideológico" foi utilizar, ainda quando militante do movimento estudantil, o método do pedagogo Paulo Freire para alfabetizar jovens e adultos.

 

"A gestão de Marco no movimento estudantil foi marcada pela preocupação social e com a arte. À noite, eu saia da faculdade e ia para o DCE para dar aula, então, era um período bem participativo por parte do estudante universitário. E nessa história, começamos a viver, acabamos namorando e casando. Nesse ano, temos 45 anos de casados e namoramos por cinco anos. Então, temos 50 anos de convívio. Nos conhecemos muito jovens", comentou.

 

Perguntada, porém, se utilizar de uma ferramenta de Paulo Freire seria um contrassenso na sua biografia, ela discordou. "Na verdade, sempre fomos taxados disso (direita). Nunca tivemos esse posicionamento ortodoxo e radical. O que caracterizou Marco Antônio em toda a atividade pública é essa sensação de que é uma pessoa equilibrada, que não ia nem para lá e nem para cá. Eu dizia para ele sempre que nós éramos vítimas dessa história, o pessoal de esquerda acha que a gente é de direita, o pessoal da direita acha que somos de direita, porque foi isso que aconteceu com a gente".

 

O curioso é que a ex-primeira-dama se refere ao período de 1964 como "revolucionário", o termo era bastante utilizado pelos militares para se referir ao golpe de estado de 31 de março. "O pessoal da revolução tinha raiva de Marco Antônio porque achava que ele era de esquerda. Nós nunca radicalizamos. Eu não consigo me definir entre direita e esquerda. Eu acho isso uma bobagem. Hoje em dia, se fomos olhar, nos partidos de esquerda tem mais gente oriunda daquela época do que os ficaram no DEM", alfineta.

"O gabinete do governador era em baixo da residência e ele se empolgava e não tinha hora para subir, nem para comer, descansar, era horrível. O Palácio daqui (Campo das Princesas), eu me agradava muito, quando às vezes eu ficava de madrugada esperando ele chegar do interior e ficava sentada na sala virada para frente olhando a passarada na Praça da República. Quando amanhece, ali enche de pássaro e é lindo. Sou fascinada por pássaro. Eu queria acariciar os pássaros, mas eles não chegavam perto."

"O pessoal da Revolução (militares) tinha raiva de Marco Antônio, porque achava que ele era de esquerda. Nós nunca radicalizamos e nossas preocupações sempre foram fazer o que é correto, sempre estávamos mais preocupados com os mais humildes, desde os tempos de faculdade, eu me dedicava e não parava minhas atividades."




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