A história contada
pelas primeiras-damas



Magdalena Arraes

Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press

Viúva do ex-governador Miguel Arraes, agora, toma conta do Instituto que leva o nome do marido e acompanha a carreira política do neto Eduardo Campos



Nenhuma mulher passou tanto tempo como primeira-dama de Pernambuco como Magdalena Arraes, mulher do ex-governador Miguel Arraes. Em três governos diferentes, ela presenciou de perto a consolidação do golpe de 1964, a Anistia de 1979 e a consolidação da Nova República, em início da década de 1990. Neta de um senador e governador do Ceará, João Tomé Saboia (1870-1945), ela acompanhou de perto a política desde criança. Estudou no Rio de Janeiro, cursou letras, e acabou fincando raízes no Recife, logo após seu casamento.

 

Do avô, ela tem uma doce recordação. Uma máquina, traduzida numa mistura de sonhos e expectativas, foi criada por ele para solucionar o problema da seca no Nordeste. "Ele (João Tomé) chegou a criar uma máquina para chover. Essa máquina, eu conheci pessoalmente, ela era instalada no quintal da casa dele, que era um terreno imenso. Eu perguntava a mamãe se chovia alguma coisa e ela dizia assim: 'caía uns pinguinhos'", diz sorrindo, lembrando que a casa no interior foi vendida a uma universidade cearense.

 

Uma experiência profissional em Paris mudaria para sempre sua vida. Hospedada numa casa de uma irmã de Miguel Arraes, que estava viúvo e seguiu para a cidade luz para uma missão política, ela começou um namoro que logo se transformou em casamento. Do marido, herdou oito filhos, que foram incorporados a mais dois que tiveram juntos. "Eles eram meninos muito bem-educados e logo formamos uma grande família", se recorda.

 

Ao lado do marido, Magdalena viveu momentos felizes e tristes ao longo do governo, mas encarados de frente. Durante a ocupação do Palácio do Campo das Princesas, em março de 1964 por forças militares, fez questão que todos os filhos fossem à escola normalmente. Já no exílio, trabalhou como professora de português numa universidade e aguardava, com um certo receio, voltar ao país por conta da Lei da Anistia em 1979.

 

Do período em que foi primeira-dama, não sente saudade, mas guarda recordações. Entre elas, uma que lembra sorrindo na porta de sua antiga residência, no bairro de Casa Forte, no Recife, hoje Instituto Miguel Arraes. No último governo de Arraes, na década de 1990, foi ela que convenceu o escritor Ariano Suassuna a assumir a Secretaria de Cultura. "Atravessei a rua, conversei com ele e disse que não teria dinheiro, mas muito trabalho. Ele aceitou e a secretaria foi muito bem movimentada", lembra.

 

Sobre o futuro, a avó do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), faz uma torcida discreta, ao seu modo, sobre o projeto presidencial do seu neto na eleição de 2014. Diz que acompanha como pode o noticiário. "Se ele quiser e ele for escolhido, eu não posso ser contra, né? Se ele aceitar e for escolhido pelo povo, é a lei natural. Acho que é uma boa coisa. Se ele conseguir, fico muito satisfeita, é uma boa herança. Se eu estiver viva daqui pra lá, eu vou ajudá-lo", promete.

"Todo um conjunto de atitudes ia um pouco de encontro às regras estabelecidas naquele momento. Ele queria mexer com o povo, organizar o povo, fazer o povo participar e isso não era muito bem visto, ele era taxado de comunista."

"A gente está ali e faz o que tinha que fazer naquele momento, eles entraram no Palácio, disseram que a gente tinha que sair, a noite a gente passou em claro, já se preparando para sair de manhã, eu me preparei e, quando foi de manhã, a gente estava de malas prontas. Os filhos foram para a escola normalmente, não houve uma alteração, arrumei minha bagagem e saímos de lá."




Magdalena Arraes




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