A história contada
pelas primeiras-damas



Silvia Cavalcanti

Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Silvia Cavalcanti defende que o marido, hoje suplente do senador Humberto Costa, não deve mais seguir a carreira política



O glamour da política e do poder nunca cativaram a ex-primeira-dama Silvia Cavalcanti. Mulher do ex-governador Joaquim Francisco (ex-DEM e atualmente no PSB), ela esbanja simpatia e, entre todas primeiras-damas entrevistadas, é a menos formal. No apartamento escolhido a dedo pelo casal, próximo ao Parque da Jaqueira, no bairro de mesmo nome no Recife, ela foi muito receptiva com a reportagem do Diario. Brinca, chora e revela que nunca quis, apesar de aceitar a decisão, que seu marido enveredasse pelo campo político. Por exemplo, na última eleição, ela e a família pediram para que Joaquim não entrasse na campanha e fosse eleito suplente do senador Humberto Costa (PT).

 

"Por mim, ele não seguiria pela política, mas isso é uma coisa muito particular dele. Hoje já é diferente, temos 40 anos de casados e ele já foi deputado, governador, prefeito, ministro e acho que agora está na hora de ficar quieto, mas é ele que vai dizer se está na hora ou não. Na campanha passada, a família toda pediu para ele não entrar", reclama ao dizer que se casou com um técnico do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que se transformou em político.

 

"Mas ele já era uma figura política por causa do pai que tinha sido deputado e prefeito de Macaparana", completa. A iniciação de Joaquim no mundo político foi pelas mãos dos ex-governadores Moura Cavalcanti (seu tio) e Roberto Magalhães, através deste último assumiu na década de 1980 as secretarias estaduais de Trabalho e de Ação Social. Nesta época, se filiou ao PSD e foi nomeado, em 1983, prefeito do Recife por Magalhães.

 

Enquanto ex-primeira-dama do estado e do Recife, Silvia destaca sua atuação na Cruzada de Ação Social e na Legião Assistencial do Recife (LAR), presididas, respectivamente, pelas mulheres dos gestores. Na capital, ela se orgulha de ter inaugurado uma creche na comunidade do Bode, no Pina, que funciona até hoje e de um programa de inclusão social para jovens e adolescentes. "Esses alunos frequentavam as escolas e recebiam meio salário mínimo".

 

A ex-primeira-dama do Recife polemiza com o PT do ex-presidente Lula, que ficou conhecido pelos programas assistencialistas. Silvia cobra a paternidade do bolsa escola, que deu origem, mais tarde, sob as rédeas da esquerda, ao bolsa família. "Eles vendiam picolé através de uma fábrica deles, fabricavam e vendiam esse picolé e dávamos uma ajuda de custo aliado a uma bolsa escola. Fomos nós que criamos a bolsa escola em 1983", reclama.

 

Da vida pública, ela não esconde que teve decepções. Perguntada, por exemplo, se guardou alguma mágoa durante seu período ao lado do poder, ela confessa que mudanças de secretariado quase nunca agradam todos da base. Apesar de não citar nomes, diz que uma Secretaria no Governo do estado (1991-1994) estava mal avaliada. "Tínhamos que retirar uma pessoa que sabíamos que era uma pessoa boa, mas que não fazia o trabalho funcionar naquele momento e nos causava uma certa chateação", confessou chorando.

 

Vale lembrar que durante o governo de Joaquim, o empresário Roberto Viana, que hoje é ligado ao setor de energia aliado do governador Eduardo Campos (PSB), assumiu a secretaria da Casa Civil. Na época, a escolha do nome foi para abrandar o perfil "rude" de Joaquim. Viana era um homem culto, segundo o ex-governador, e teria a missão de passar uma imagem moderna. A receita não deu certo e o aliado foi afastado do governo. Alguns, inclusive, acreditam que esta perda foi decisiva para que o ex-governador deixasse de disputar a eleição ao Senado Federal no fim do mandato.

"Eu não poderia pedi-lo na época para não entrar nesse meio (política). Hoje já é diferente, temos 40 anos de casados e ele já foi deputado, governador, prefeito, ministro e acho que agora está na hora de ficar quieto, ele que vai dizer se está na hora ou não. Na campanha passada a família toda pediu para ele não entrar."

 

"Era gratificante ver a festa que o povo fazia e ver que estávamos proporcionando o início do trabalho para eles e ver que muitos geravam a própria renda a partir dali. Eu gostava muito do contato com o povo e ainda gosto."




Magdalena Arraes




Anna Ferreira Maciel




Jane Magalhães



Silvia Cavalcanti