A história contada
pelas primeiras-damas



Jane Magalhães

Foto: Hélder Tavares/DP/D.A Press

Mulher do ex-governador Roberto Magalhães comenta a primeira vez sobre a informação de que ela teria censurado o projeto do Parque de Esculturas do Recife Antigo



De porte elegante, com gestos suaves e fala mansa, a ex-primeira-dama Jane Magalhães se define como uma cristã de família. "Meus bisavós já eram evangélicos", destaca. A mulher de Roberto Magalhães (DEM) ficou conhecida por sua postura firme e reservada. Muito ligada aos valores cristãos, sempre procurou atender às crianças de rua durante o período que esteve à frente da Cruzada de Ação Social durante o governo de seu marido em Pernambuco. Uma inauguração de um albergue escola, na Rua da Aurora, no Centro do Recife, é um de seus maiores orgulhos. Mas, foi durante a década de 1990 que ela roubou a cena, já enquanto primeira-dama da capital.

 

Na época, um projeto ousado da Prefeitura do Recife no bairro do Recife Antigo chamava a atenção. O governo municipal idealizou a reforma da Praça do Marco Zero e encomendou ao artista plástico Francisco Brennand uma escultura, que seria instalada nos arrecifes em frente ao espaço público. O problema é que circulava nos bastidores a informação que ela teria censurado o projeto, que em sua forma lembrava um órgão sexual masculino.

 

A polêmica em outubro de 1999 chegou aos grandes jornais. Portando uma arma de fogo, o então prefeito Roberto Magalhães invadiu um jornal recifense e ameaçou um colunista social. Dona Jane, em todo o momento, ficou fora da polêmica, enviando apenas uma nota oficial à revista Veja dando sua versão dos fatos. No Recife, ela preferiu adotar a estratégia do silêncio e, só agora, emitiu uma opinião sobre o caso.

 

"Eu estava as voltas com estes trabalhos que vocês tiveram a oportunidade de ver (sobre a Legião Assistencial do Recife, a LAR). E, depois, eu verifiquei que tinha dado uma palavra sobre aquilo. Então, achei que, se eu ficasse calada, aquilo ia se desfazer por si próprio, porque eu não tinha nada a ver com aquilo, não tinha fundamento. Mas, as coisas se avolumaram, então, comecei a perceber que se tratava de uma trama envolvendo interesses políticos para, digamos assim, expor Roberto", comenta.

 

Na carta enviada à revista, dona Jane diz que fez um documento que dava conta que era bacharel em direito, que tinha dois cursos de especialização, um diploma internacional de francês, além de um curso de mestrado. "Ao lado do interesse político, utilizando-se de um estratagema condenável, estava também um preconceito religioso submerso. E houve, vamos dizer assim, um aproveitamento. Tentaram por um lado, tentaram por um outro, então vamos aqui: ela deve ser muito certinha, enfim, montaram para que eu entrasse na polêmica que era assim ou assado. Eu optei pelo silêncio. Acho que fiz bem".

"Era a volta de Arraes, um momento político muito diverso do que existia até então. Ele tinha sido um dos governadores do Nordeste, liderou os governadores nordestinos no apoio a Tancredo Neves, durante a transição, mas, ao chegar o momento da eleição para senador havia toda uma onda... de mudança."


"Jamais fui crítica de arte, não me cabia avaliar a obra de quem quer que seja porque esta não é a minha especialidade. Com isso, o pessoal da (revista) Veja viu que ali estava alguém inocente e que tinha sido usada para atingir o marido. Cada um expressa seu imaginário com a arte e o talento que Deus lhe deu e pronto."




Magdalena Arraes




Anna Ferreira Maciel




Jane Magalhães



Silvia Cavalcanti