Políticas públicas
A tática de prevenção ainda é falha

Um trabalho de formiguinha que é imprescindível e constitui, atualmente, uma das principais formas de combate à hanseníase no Brasil. Assim pode ser descrito o papel dos agentes de saúde da família. De acordo com a gerente de Doenças Transmitidas por Micobactérias da Secretaria de Saúde de Pernambuco, Ana Lúcia Alves de Souza, as unidades municipais têm a incumbência de ir atrás dos contatos próximos aos doentes para acompanhá-los e prestar os cuidados necessários.

"Todos os agentes estão aptos a correr atrás dos casos, identificar e encaminhar aos postos de saúde, onde pode ser feito o diagnóstico e iniciado o tratamento", explica. Ainda assim, ela reconhece que essa tática tem se mostrado falha, principalmente pela omissão dos agentes de saúde da família. Apesar da descentralização no atendimento ao hanseniano, algo que existe desde o ano 2000, essa atenção primária não tem assumido o papel que passou a lhe caber.

Para Ana Lúcia Alves a prevenção tem a ver, também, com "vontade política". "A capacitação é dada aos agentes, mas quando se volta para o município, o secretário e o agente de saúde têm que exercê-la. Só que eles costumam se voltar para a assistência, não para a vigilância", analisa.

Somente no ano 2000 o tratamento da hanseníase deixou de ser restrito aos centros de referência específicos. Ainda assim, tal medida só teve força de lei em 2010, através da portaria n. 3.125/2010. Os centros não foram fechados, passaram a focar em complicações e reações aos medicamentos. Hoje qualquer posto de saúde ou hospital municipal é obrigado a atender os doentes.

Saiba mais

Fiocruz

Este é um acervo eletrônico de "Materiais educativos sobre hanseníase" que contém impressos produzidos por instituições governamentais e não-governamentais que atuam neste campo. Ir para o site →

Secretaria de Saúde de Pernambuco

O site tem um link com informações sobre a doença no estado. Ir para o site →

Morhan

Entidade sem fins lucrativos que trabalha no combate à hanseníase e ao preconceito em relação à doença. Ir para o site →

Hospital Otávio de Freitas

Rua Aprígio Guímarães, s/n, Tejipió – Recife, PE. (81) 3252-8500
Centro de Referência no tratamento de Hanseníase em Pernambuco. Atende pacientes com complicações da doença, duvidas de diagnósticos, reação aos medicamentos ou portadores da doença com menos de 15 anos.
O encaminhamento deve ser feito pelo médico do Posto de Saúde.

"As contagens não são feitas em número de mortos, então não chamam tanta atenção"
Ana Lúcia Alves gerente de Doenças Transmitidas por Micobactérias da Secretaria de Saúde de Pernambuco

Estigmas

Não há faixa etária, sexo ou grupo social onde o bacilo de Hansen não possa penetrar. Ainda assim, a incidência tende a ser maior quanto menor é a renda. Hanseníase e pobreza estão muito próximas, tanto é assim que o combate à doença foi incluído no programa Brasil Sem Miséria lançado em 2011 pela presidenta Dilma Rousseff.

Ana Lúcia Alves comenta que a incidência em pessoas de menor renda se deve muito à baixa imunidade e aglomeração em locais pequenos e pouco ventilados. Situação mais assustadora quando se tem em mente as cadeias."Em presídios também há um grande número de registros. Imagine uma pessoa não tratada em uma cela com outras 50", indaga.

Ana Lúcia observa que esse perfil contribui para ser uma doença negligenciada, algo que se agrava com o fato de, mesmo sendo incapacitante, não ser mortal. "As contagens não são feitas em número de mortos, então não chamam tanta atenção".

Expediente

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