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Thiago Miotto mudou não apenas de vida, mas de endereço para poder ir andando ou de bicicleta ao trabalho

O exercício muito
além das academias

A prática de atividades físicas é a peça que se encaixa na alimentação saudável para formar o quebra-cabeça da qualidade de vida saudável. Tornar o corpo ativo afasta o fantasma das doenças crônicas não transmissíveis e não significa, necessariamente, entrar em uma academia ou praticar esportes competitivos. Pernambuco, por exemplo, é proporcionalmente o estado com maior população ativa no deslocamento para atividades habituais - trabalho ou faculdade. "Muitas pessoas optam por longas caminhadas ou ir de bicicleta ao trabalho para evitar ficar paradas no trânsito ou a ineficiência do transporte público", lembra o diretor do Núcleo de Educação Física e Desporto da Universidade Federal de Pernambuco, Pedro Paes. O "transtorno" acaba submetendo involuntariamente muitas pessoas à atividade física.

Depois de perder três horas diárias no trânsito, dentro de um ônibus, o engenheiro de software Thiago Miotto, 21 anos, decidiu se mudar do bairro de Casa Amarela para a Várzea, ambos no Recife. Agora, a 3km da empresa, vai ao trabalho a pé ou de bicicleta. "Ficava cansado e sonolento. Hoje me sinto disposto e até perdi uns três quilos", conta.

Evitar o sedentarismo significa gastar energia, estimular os músculos e o sistema cardiovascular com uma soma semanal recomendada que varia de duas horas a duas horas e meia de atividades. Assim, evitam-se problemas como sobrepeso, hipertensão, diabetes ou osteoporose e, junto à alimentação saudável, forma a chave para a longevidade.

No entanto, apenas três em cada cinco pernambucanos são considerados "suficientemente ativos". E não bastam o futebol ou pedalada do fim de semana, cujos praticantes formam o grupo de "sedentários ativos" - que submetem o corpo a altas cargas de esforço em apenas um dia da semana, enquanto o organismo precisa de práticas regulares.

Na busca por se manter "ativo", vale tudo, inclusive exercícios domésticos. Mesmo com a crescente automatização de atividades caseiras, as novas leis de proteção aos trabalhadores domésticos (que forçaram muita gente a dar conta e se revezar nas tarefas do lar) e o empoderamento feminino, as mulheres ainda são quatro vezes mais ativas dentro de casa que os homens no estado. Eles, no entanto, são maioria na prática sistemática de esportes por longos períodos diários.

No fim das contas, pode-se buscar saúde desde lavando os pratos em vez de usar o lava-louças até ao estacionar dois quarteirões longe da empresa para completar o percurso caminhando. A questão é que quanto antes se começa, maior o saldo positivo no longo prazo.


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Asmáticos devem
ter mais cuidado

Para um grupo específico de pessoas, as atividades físicas são mais que recomendadas, mas é necessário cuidado redobrado. Pernambuco é o estado do Brasil com o maior número de asmáticos do país: um em cada vinte moradores. Por isso, é preciso auxílio médico antes da prática de esportes e da intensificação sistemática dos esforços aos quais o corpo, que já sofre com deficiência respiratória, será submetido.

A idade média em que o diagnóstico de asma se faz mais comum no estado é aos 18 anos, índice mais tardio que o registrado no resto do país. O grande problema é que dois em cada três asmáticos pernambucanos apresentam grau intenso ou muito intenso de limitações de atividades físicas habituais devido à doença. "Nos asmáticos, o exercício pode contribuir para a reabilitação do paciente. Mas a doença precisa estar controlada para os sintomas não aparecerem durante os exercícios", afirma a presidente da Sociedade Pernambucana de Pneumologia e Tisiologia, Adriana Gonçalves.

A asma se caracteriza por crises recorrentes de falta de ar, chiado, tosse e aperto no peito. Os sintomas ocorrem pela inflamação dos brônquios em pessoas predispostas e expostas a fatores ambientais, como fumaças e produtos químicos. No Brasil, é a quarta causa de internação. Quanto mais tarde é diagnosticada, maior a perda de função pulmonar e a dificuldade de controle via medicamentos.

A enfermeira Áurea Beatriz Uchôa, 26 anos, foi diagnosticada ainda na infância e sempre teve cuidado na hora de praticar exercícios. Entrou na natação por recomendação médica e depois migrou para o vôlei. Sempre que estava gripada, evitava os treinos diários de duas horas e meia. "Era bem complicado, ficava com falta de ar, impossibilitada mesmo", completa.

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