Guardiã de lembranças

"Com oito anos, já cuidava dos que chegavam. Todo mês chegava um, dois, três bebês. Morreu também muita criança"
Maria das Dores da Silva

Filha de hanseniano, Maria das Dores da Silva, a Dorinha, foi para o orfanato com um dia de nascida. Virou funcionária do local. Primeiro e único emprego que teve. Hoje, afastada no Instituto, vive em Pau Amarelo, bairro da cidade de Paulista, com um dos "filhos adotivos" de quem cuidou na época do Educandário, Gilvan Pereira. Em uma mala, guardada no quarto da casa onde vive, deixa as lembranças. Fotos que, vez por outra, a fazem reviver o passado.

Foto de Maria das Dores da Silva, Dorinha

Maria das Dores da Silva, Dorinha

"Com oito anos, já cuidava dos que chegavam. Todo mês chegava um, dois, três bebês. Morreu também muita criança, inclusive meu irmão. Era um caixão atrás do outro. Enterrava no cemitério da Várzea. A gente, que era filho, tinha uma carteirinha que quando vinha da Mirueira preenchiam. Muito registro já foi jogado fora, inclusive essas carteirinhas. Elas eram guardadas no arquivo da escola. Lá tinha uma escola de primeira a quarta série para os filhos. Era uma escola do governo. Daí, um dia, eles foram colocando esses documentos em sacos e jogando no meio do pátio e tocaram fogo. Eu peguei aqueles livros e entreguei para a direção do orfanato. Falei que era um livro muito sério que não podia ser dado fim. Era o controle de entrada dos ex-alunos."

Expediente

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